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sexta-feira, 23 de setembro de 2005

Se conselho fosse bom...

Bom Conselho


Ouça um bom conselho
Que lhe dou de graça
Inútil dormir
Que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado
Quem espera nunca alcança.
Ouça, meu amigo,
Deixe esse regaço
Brinque com o meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar.
Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que
Não se vai longe.
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo e a tempestade.




Chico Buarque. In Literatura Comentada.
São Paulo, Abril Educação

Se quiser, ouça a música clicando no link abaixo:

Bom-Conselho-chico-buarque
Na letra desta música, Chico Buarque recria provérbios. Qual seria sua intenção?

sexta-feira, 16 de setembro de 2005

Moral da História




Amigo que não serve, faca que não corta, que se perca, pouco importa.

Quem com os porcos convive, um dia virá a comer lama.

Gato escaldado tem medo de água fria.

Quem ri por último, ri melhor.

Em boca fechada não entra mosca.

O fim de uma história depende sempre de quem a conta.

Será?

Provérbios são pequenas frases usadas pelo povo com a intenção de expressar verdades, conselhos de vida,
lições de moral. Conhecidos humoristas modificaram alguns provérbios:

"Se não puder vencer o inimigo, corra.

Quem ama o feio... namora em casa!

Quem com ferro fere, vai preso!

Quando um não quer, o outro insiste!"

O Grande Livro de Pensamentos de Casseta
e Planeta.Rio de Janeiro. Record,l995.

"Quem semeia vento, não colhe nada.

Devagar se vai a pé.

De médico, poeta e louco, todos nós temos algum na família.

Dono morto, burro solto."

Improvérbios. Jô Soares, em Veja, 1990.

"Só quem tem calos entende de apertos.

Não há banquete, por mais rico, em que alguém não jante mal.

Ladrão que não é apontado já é um tantinho honrado."

Provérbios Proverbiais. Millôr Fernandes, em Isto É Senhor, 1990.

Todas as línguas têm seus provérbios:

Agora é sua vez.
Seja criativo.

segunda-feira, 12 de setembro de 2005

Parodiando




 

Como na Contrafábula da cigarra e da formiga,
muitos artistas contemporâneos fazem paródia, isto é,
criam novos tipos de textos com um toque
de humor.


Os poetas a seguir também expressam sua opinião:

Sem barra

Enquanto a formiga
Carrega comida
para o formigueiro,
A cigarra canta,
Canta o dia inteiro.


A formiga é só trabalho.
A cigarra é só cantiga.


Mas sem a cantiga
Da cigarra
Que distrai da fadiga,
Seria uma barra
O trabalho da formiga.


PAES, José Paulo. Poemas para brincar.
São Paulo:Ática.


HAI-KAI

Acabou a farra
formigas mascam
restos de cigarra.


Paulo Leminski

HAI-KAI é um gênero tradicional da poesia japonesa.
O poema é composto de apenas três versos.


Humor em Quadrinhos








Todos têm um pouco de cigarra e de formiga. De que forma
isto acontece com você?

domingo, 4 de setembro de 2005

Trabalho e Arte

                                                          



Ilustração de Gustave Doré para a fábula A cigarra e a formiga, de La Fontaine.

Observe  que os animais personificados da fábula aparecem aqui como figuras humanas: a cigarra, como violonista; a formiga, como dona-de-casa.




A CIGARRA E A FORMIGA

Tendo a Cigarra cantado
durante todo o verão,
viu-se ao chegar o inverno
sem nenhuma provisão.


Foi à casa da Formiga,
sua vizinha, e então
lhe disse: - Querida amiga,
podia emprestar-me um grão
que seja, de arroz,
de farinha ou de feijão?
Estou morrendo de fome.


- Faz tempo então que não come? -
lhe perguntou a Formiga,
avara de profissão.
- Faz.
- E o que fez a senhora,


 durante todo o verão?
 - Eu cantei - disse a Cigarra.
 - Cantou, é? Pois dança, agora!


La Fontaine

Contrafábula da cigarra e da formiga

A formiga passava a vida naquela formigação, aumentando o rendimento da sua" capita" e
dizendo que estava contribuindo para o crescimento do produto nacional bruto. Na
trabalhadeira do investimento, sempre consultando as cotações da bolsa, vendendo na alta e comprando na baixa, sempre atenta aos rateios e às subscrições. Fechava contratos em Londres já com um pé no Boeing para Frankfurt ou Genebra, para verificar os dividendos de suas contas numeradas.Mas vivia também roendo-se pordentro ao ver a cigarra,com quem estudara no ginásio, metida em shows e boates,sempre acompanhada de clientes libidinosos do Mercado Comum. E vivia a formiga, a dizer por dentro:
- Ah, ah! No inverno, você há de aparecer por aqui, a mendigar o que não poupou no verão! E
vai cair dura com a resposta que tenho preparada para você!
Ruminando sua terrível vingança, voltava a formiga a tesourar e entesourar investimentos
e lucros, incutindo nos filhos hábitos de poupança, consultando advogados e tomando vasodilatadores.
Um dia, quando voltava de um almoço no La Tambouille com os japoneses da informática, encontrou a cigarra no shopping Iguatemi, cantarolando como de costume. "Lá vem ela dar a sua facada!" pensou a formiga. "Ah, ah, chegou a minha vez!"
Mas a cigarra aproximou-se só querendo saber como estava ela e como estavam todos no formigueiro. A formiga, remordida, preparando o terreno para suavingança,comentou:
- A senhora andou cantando na tevê todo este verão, não foi, dona Cigarra?
- É claro! disse a cigarra. - Tenho um programa semanal.
- Agora no inverno é que vai ser mau... - continuou a formiga, com toda a maldade na voz. - A senhora não depositou nada no banco, não é?
- Não faz mal. Os meus discos não saem das paradas. E acabei de fechar contrato com o Olympia de Paris por duzentos mil dólares...
- O quê?! - exclamou a formiga. - A senhora vai ganhar duzentos mil dólares no inverno?
- Não. Isso é só em Paris. Depois, tenho a excursão a Nova York,depois Londres, depois
Amsterdam...
Aí a formiga pensou no seu trabalho, nas suas azias, na sua vida terrivelmente cansativa e
nas suas ameaças de enfarte, enquanto aquela inútil da cigarra ganhava tanto, cantando e se divertindo! E perguntou:
- Quando a senhora embarca para Paris?
- Na semana que vem ...
- E pode me fazer um favor? Quando chegar a Paris,procure por um tal La Fontaine e diga-lhe
que eu quero que ele vá para o raio que o parta!


Antônio A. Batista



E você é cigarra ou formiga?